A Agência Espacial Americana lançou neste sábado (25), em uma missão histórica, um novo supertelescópio ao espaço. O projeto bilionário do James Webb pretende aprofundar de forma revolucionária os conhecimentos da humanidade sobre as origens do universo.

Foto: Lançamento

A tradicional contagem regressiva foi em francês. Isso porque esse é um projeto de três agências espaciais - a americana, a europeia e a canadense - e lançar esse foguete envolveu 14 países e custou US$ 10 bilhões.

 

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Essa fortuna construiu um telescópio que vai funcionar como uma máquina do tempo. Com o James Webb vamos enxergar o passado. Para você entender como, temos que apagar as luzes.

 

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O Big Bang, a explosão que criou o universo, aconteceu 13,8 bilhões de anos atrás. E no infinito do universo, a luz das estrelas e planetas que vemos da Terra demorou milhões de anos para chegar aqui. Então, para ser preciso, quando a gente olha a olho nu mesmo para o céu, já vemos o passado. Vemos a luz de uma estrela que pode nem existir mais.

 

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A diferença é que telescópios enxergam mais longe, luzes que nem chegam aos nossos olhos. E indo mais fundo do que qualquer outro telescópio para captar essas luzes, o Webb vai, digamos, “enxergar” o que aconteceu 100 milhões de anos depois da explosão que criou tudo. O que na escala de tempo do cosmos é “logo” depois da explosão.

Para exemplificar como ele é poderoso, o comparamos com o telescópio espacial mais poderoso até hoje: o Hubble. Nos últimos 30 anos, ele nos ajudou a explorar e entender o universo, e afetou todos os aspectos da astronomia.

 

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Lançado em 1990, ele mapeou a evolução de galáxias, descobriu planetas, estrelas e buracos negros. Permitiu se estimar a idade do universo e a velocidade com que ele se expande.

A peça mais importante de um telescópio é o espelho, e quanto maior, melhor. O Hubble tem um espelho de 2,4 metros. O do Webb tem 6,5 metros de diâmetro. Formado por 18 espelhos menores, em um formato de colmeia, é 100 vezes mais sensível para captar as luzes do universo do que o seu antecessor.

 Foto: Telescópio James Webb aberto 

O Hubble já nos permitiu ver e entender o passado do cosmos, mas se o universo fosse uma pessoa, o Hubble enxerga crianças, o Webb vai enxergar bebes recém-nascidos. Vamos enxergar a nossa origem como nunca antes.

 

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O James Webb começou a ser construído 25 anos atrás e os cientistas nem tinham a tecnologia para desenvolver o que queriam. Elas foram criadas durante o projeto.

Foto: Telescópio James Webb fechado

Para proteger o telescópio em si - o espelho dourado -, da luz e do calor do sol, eles desenvolveram um escudo, formado por cinco membranas, cada uma do tamanho de uma quadra de tênis, e muito finas, da espessura de um quarto de um fio de cabelo. Quando o Webb entrar em órbita, o escudo vai ficar sempre virado para o sol, permitindo que o telescópio fique no escuro e no frio, condições ideais para que ele funcione.

 

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O resultado final é esse: o telescópio mais o escudo tem o tamanho de uma casa. O que criou um problema. Não cabe nem no maior foguete que temos. A solução para poder mandar o Webb para o espaço foi dobrá-lo, como um origami. Mas desdobrar isso tudo no espaço agora é o desafio principal.

 

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O processo vai demorar um mês, com o Webb se abrindo, se espichando, se preparando para ligar os instrumentos. Enquanto isso, na Terra, os cientistas vão ficar "roendo as unhas". Isso porque para alguns deles, este é o projeto de uma vida, mais de 25 anos de trabalho. E depois porque o telescópio está sendo mandado para um lugar tão longe da Terra - mais de 1,6 milhão de quilômetros daqui - que, se algo quebrar, já era. Não tem como mandar alguém lá para consertar.

 

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Depois de aberto e em órbita, vai levar ainda seis meses para calibrar os instrumentos, para então começarmos a ver do que o James Webb é capaz. E os cientistas esperam que ele seja capaz de nos mostrar detalhes da criação do universo, e talvez nos ajude a responder aquelas perguntas que guiam boa parte dos astrônomos: se estamos sozinhos, se existe vida fora da terra.


 

Reprodução g1


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