Foto: Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro embarca nesta segunda-feira para uma viagem à Rússia e depois à Hungria. Pouco antes do embarque, fontes do governo brasileiro contaram ao Blog Nolasco/R7 como foi a conversa com os americanos sobre a ida do presidente ao país comandado por Vladimir Putin. Segundo os relatos de pessoas que participam da política externa do país, “os americanos não fizeram pressão, nunca. ‘Ah, vocês não podem ir!’ Não tem cabimento isso”, disse a fonte, para logo depois completar: “Seria muito grave se eles chegassem e dissessem ‘não quero que vocês vão’. Iriam escutar um não. Eles nunca falariam isso”.
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No momento de maior tensão na fronteira entre Rússia e Ucrânia, com milhares de soldados na região, o presidente Jair Bolsonaro vai se encontrar com Vladimir Putin em Moscou. Os dois terão reunião privada. Haverá também uma reunião entre os ministros da Defesa e de Relações Exteriores dos dois países. Pelo lado brasileiro estarão presentes os ministros Braga Neto (Defesa) e Carlos França (Relações Exteriores).
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Embora não tenha havido uma pressão americana para que a viagem, anunciada em dezembro, fosse cancelada, houve um pedido por parte da diplomacia de Washington. “Os americanos disseram assim: ‘Olha, a situação é preocupante. Quando vocês forem lá, é importante que vocês não deem a impressão de que estão apoiando a Rússia contra a Ucrânia'. Claro que eles falaram isso para gente, é normal, eles têm razão. E a gente também não vai deixar de falar com as grandes potências do mundo.”
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Em conversas reservadas, com fontes do governo americano, a postura era de surpresa ao saber que o presidente Bolsonaro mantinha planos de ir à Rússia. De forma aberta, eles queriam que a reunião bilateral entre Bolsonaro e Putin fosse cancelada, mas não trataram do assunto com o governo brasileiro.
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Mesmo diante dessa situação geopolítica global, o governo Bolsonaro não pretende, durante a viagem à Rússia, se aprofundar no conflito. Pessoas com acesso às tratativas da viagem disseram que o Brasil não vai se meter na briga da Rússia com a Ucrânia. “Se a gente fosse se meter, a gente teria ido à Ucrânia também. Certamente o Putin vai explicar qual é a posição deles. A gente vai escutar. País grande é assim. País grande tem que discutir assuntos de gente grande.”
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O Brasil, que ocupa um assento rotativo do Conselho de Segurança da ONU, já deu declarações públicas pela busca de uma solução diplomática sobre a crise que envolve a Rússia, a Ucrânia e a Otan (Aliança Militar do Atlântico Norte). O governo brasileiro também já se posicionou a favor da integridade territorial da Ucrânia.
Outra fonte próxima ao presidente Bolsonaro comentou a situação: "O Brasil tem por tradição não intervir na autodeterminação dos povos, de sempre buscar a paz, quem sabe [o presidente] não tem o papel de apaziguador? O Brasil já deu declarações a favor da integridade territorial da Ucrânia".
Mas a mesma fonte faz uma ressalva sobre a relação com os americanos. "Todo mundo sabe que o jogo está polarizado no mundo — EUA de um lado, Rússia mais ou menos com a China do outro. É um xadrez."
Reprodução R7